O Plano Real
implantado em 1994 comemora 18 anos, e com essa data marcamos a consolidação de
uma geração inteira de brasileiros que nasceram desde o início da década de 90
e conhecem os reflexos negativos da inflação apenas pelos livros de história.
Completando 18 anos de Plano Real, comemoramos como um
dos maiores períodos contínuos da história brasileira em que vivenciamos a
estabilidade, a prosperidade e o desenvolvimento econômico conciliados com o
processo democrático em nosso país.
Toda essa geração de jovens brasileiros, dentre os quais
eu me incluo, não vivenciou a inflação estratosférica, nem as promessas
estampadas nas falas dos Presidentes da época que iam para a televisão para
acalmar os ânimos, e motivar o mercado, na promessa de melhora com as trocas
abruptas no cargo de Ministro da Fazenda e com os sucessivos planos econômicos
que fracassariam um após o outro.
A instabilidade atingia ricos e pobres, embora seu
principal efeito fosse solavancar a vida e as contas dos trabalhadores
brasileiros, corroendo seus salários mínimos e dissolvendo qualquer aumento que
lhes fosse garantido. Gerando insegurança no bolso dos trabalhadores, a
inflação e a instabilidade surtavam o mercado e inviabilizavam qualquer
perspectiva de desenvolvimento econômico ou social.
Contudo, após a crise política que derrubou o primeiro
presidente eleito após a ditadura, coube a Itamar Franco e a seu Ministro da
Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, liderarem a reação corajosa contra os males
que atingiam a nossa economia e geravam impactos diretos na vida dos
brasileiros, e em especial, os mais pobres.
Com a liderança de Fernando Henrique, juntou-se um grupo
de economistas da mais alta seriedade e competência para idealizar o Plano
Real, e foi apresentado ao país um Plano diferente dos demais por oferecer uma
transição gradativa e concreta, combatendo a inflação, estabilizando a
economia, garantindo poder de compra, aquecendo o mercado e alcançando o
patamar desejado de desenvolvimento no longo prazo.
É preciso ressaltar que a minoria dos grupos partidários
e políticos no Congresso Nacional, votaram contra e fizeram ferrenha oposição
ao Plano Real; tal grupo era encabeçado pelo Partido dos Trabalhadores e por
Lula, dizendo que o Plano Real não iria dar certo, talvez torcessem por isso já
que suas perspectivas não estavam no futuro da Nação, e sim na eleição
presidencial que se aproximava.
Mas o Plano Real apresentado pela equipe de Fernando
Henrique passou pelo crivo democrático do Congresso Nacional, foi aprovado e
implantado, marcando o Brasil para o que seria a transformação gradativa de um
país de instabilidades, para se torna-lo como hoje o conhecemos.
Aprovado e implantado, o Plano Real tomou as ruas, ganhou
apoio e aprovação popular, trazendo desde o início mudanças significativas e
benefícios para todos os brasileiros, o país ao longo do tempo conquistou a
confiança do mercado, passou a atrair mais e mais investimentos e sua economia
e seus consumidores aqueceram-se e em questão de tempo o Plano Real transformou
o Brasil.
As mudanças não foram rápidas nem fáceis de serem feitas,
coube ao governo Fernando Henrique modernizar o Estado, estruturar a máquina,
capitanear o país nas sucessivas crises internacionais, prever os problemas
futuros e criar mecanismos e ferramentas que pudessem blindar o país de novos
colapsos como os que foram vistos nas décadas de 80 e 90.
Para se ter uma noção, fundos formados com depósitos
compulsórios de bancos, foi uma das medidas tomadas por Fernando Henrique, e
mesmo na época, sendo muito criticado por isso, viu-se que a Europa atual com a
crise do euro adotará a mesma medida para evitar as quebras de bancos e crises
futuras. A própria diminuição do Estado, com concessão de estradas, por
exemplo, apesar de criticada durante as eleições, vem sendo adotada pelos
sucessores para solucionar problemas de infraestrutura como o colapso dos
aeroportos brasileiros, sem falar no importante legado da Lei de Responsabilidade
Fiscal dando suporte para a consolidação do Plano, na esfera da
administração pública.
De fato, não foi um homem ou um partido unicamente que
mudaram o país, nem foi um único ato que radicalmente dividiu a história do
Brasil em antes e depois. Como em toda e qualquer Nação, o processo democrático
acompanhado pela transição responsável de governos, permitiu que tivéssemos no
Brasil a consolidação do Plano Real ao longo dos Governos Itamar, Fernando
Henrique, Lula e Dilma, com continuidade das políticas que vem transformando o
país ao longo dessas últimas duas décadas, e são, além do Plano Real em si, a
sua consolidação, os aumentos reais do salário mínimo, o aquecimento do mercado
consumidor e os programas de distribuição de renda, que apesar de provisórios
vêm se espalhando pelo Brasil, com programas como o Vale-gás, o Vale-leite e o
Bolsa Escola do saudoso ex-Ministro Paulo Renato, que foram unificados no atual
Bolsa Família.
O fato é que o Brasil mudou nesses 18 anos, e o Plano
Real foi o marco inicial dessas transformações econômicas e sociais. A geração
de pessoas que como eu, crescemos com essas mudanças tem agora o desafio de
construir as novas mudanças, como as melhorias profundas no modelo de
administração pública, a modernização do uso da máquina pública, os
investimentos consistentes em educação e a promoção das Reformas Política,
Tributária e do Judiciário. O Brasil mudou e deve continuar mudando.
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