O Papa Francisco, a Doutrina Social da Igreja e a mídia ideológica

Não se trata de uma Verdade incontestável o que direi aqui, uma vez que política, teológica e filosoficamente falando, nem sou capacitado pra isso, mas darei minha opinião de Católico que admira e tem um amor filial ao Santo Padre.

Logo que o Papa Francisco foi eleito e começou a falar algumas coisas que fez com que a grande mídia demonstrasse uma grande admiração por ele, eu dizia no meio católico que ia chegar um momento em que eles o iriam odiar! Esse tempo chegou, mas não foi agora e nem foi para um grupo!

Jornalistas da esquerda que acha que tudo é política partidária, tentam mostrar o Papa como um outro Che Guevara (sem fuzil), jornalistas da direita que também acha que tudo é política partidária, acusam o Papa! Mas importante notar que ambos só usam o discurso do Papa para aquilo que lhe convém: Quando o Papa se manifesta contra a ideologia de gênero e contra o aborto, o jornalista da esquerda finge que não viu ou diz que não se pode esperar muito de Francisco, afinal de contas ele é um Papa, enquanto jornalistas da direita comemora e finge que ama o Papa...

O que acontece é que ambos tentam ideologizar o discurso papal! Para entender Francisco, é preciso antes de tudo, deixar as ideologias de lado e olhar para a DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, essa Igreja que olha para o Pobre, para os Pequeninos, para os Sofredores, sem pretensões político-partidárias ou ideológicas.

No Paraguai, o Papa fez com que recordássemos da Parábola do Filho Pródigo, onde o pai esperava o filho que errou, que gastou todos os seus bens, o pai que nem queria saber o que o filho fez, mas estava ali esperando a sua volta, e nos mostrou que essa “é a figura de Deus, que sempre nos espera”, enquanto o outro filho, que permaneceu com o pai, ou seja, permaneceu no caminho reto, se irrita e não aceita participar daquela festa, por não achar justo receber com festa quem sempre errou... e o Papa ilustra as palavras do filho dizendo: “eu não me junto com essa gente; eu me comportei bem; eu tenho uma grande cultura, estudei em tal universidade, tenho esta família e esta linhagem nobre...” e nos diz que não devemos excluir ninguém, mas termos um olhar de Misericórdia.

Olhar para o Pobre, amar, acolher, são princípios fundamentais do Cristianismo, sempre pregados pela Santa Igreja, porém, muitas vezes não praticados por nós os seus filhos cheios de pecados! A história nos mostra a ação misericordiosa de Deus em sua Igreja, através de seus inúmeros santos e obras de caridade espalhadas em todo o mundo, ainda na atualidade. Isso demonstra claramente que antes de qualquer ideologia moderna, a pregação e o cuidado para com os pobres, sempre foi uma preocupação da Igreja, que entende cuidar do próprio Cristo quando cuida da pessoa necessitada.

Nesse sentido, as palavras do Papa no Encontro com os Representantes da Sociedade Civil, no Paraguai, são muito claras, quando diz que a forma como vemos os pobres, é fundamental para a sua promoção. Vejamos:

Não serve uma visão ideológica, que acaba por usar os pobres ao serviço de outros interesses políticos ou pessoais. As ideologias terminam mal, não servem. As ideologias têm uma relação incompleta, enferma ou ruim com o povo. As ideologias não assumem o povo. Por isso, observem o século passado. Como terminaram as ideologias? Em ditaduras, sempre. Pensam pelo povo, mas não deixam o povo pensar. [...] Nós, cristãos, além do mais, temos outro motivo, e maior, para amar e servir os pobres, pois neles, temos o rosto, vemos o rosto e carne de Cristo, que Se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Os pobres são a carne de Cristo. Gosto de perguntar, quando confesso os penitentes: ‘E tu ajudas as pessoas?’. ‘Sim, dou esmolas’. ‘E, diz-me, quando dás esmola, tocas na mão daquele para quem dás a esmola, ou lhe deitas a moeda e os desprezas?’. São atitudes. ‘Quando tu dás esta esmola, fixas o olhar na pessoa, ou olhas para o outro lado?’. Isto significa desprezar o pobre. Os pobres. Pensemos bem. Ele é alguém como eu e, se está passando por um momento ruim, por milhares de motivos – econômicos, políticos sociais ou pessoais – eu poderia estar naquele lugar e poderia estar desejando que alguém me ajudasse. E além de desejar que alguém me ajudasse, se estou naquele lugar, tenho o direito de ser respeitado. Respeitar o pobre. Não usá-lo como objeto para lavar as nossas culpas. Aprender dos pobres, com aquilo que dizem, com as coisas que têm, com os valores que eles têm. E nós cristãos temos esta motivação: os pobres são a carne de Jesus.

Dizer que isso é pregação de esquerda ou de direita, é não respeitar a inteligência e perspicácia do Santo Padre e do bom entendedor! A preocupação com os pobres sempre estivera presente na pregação da Igreja. Vemos isso em sua história recente, a partir da Rerum Novarum, de Pio XIII que criticava a situação de miséria e pobreza dos trabalhadores. Assim como ele, Francisco nesse mesmo discurso, critica a criação de riqueza, se esta não tiver como fim, o bem comum:

Num país, é certamente muito necessário o crescimento econômico e a criação de riqueza e que esta chegue a todos os cidadãos, sem ninguém ficar excluído. E isto é necessário. Mas a criação desta riqueza deve estar sempre em função do bem comum, de todos, e não de poucos. Nisto, devemos ser muito claros. ‘A adoração do antigo bezerro de ouro’ (Ex 32,1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura duma economia sem rosto. As pessoas, cuja vocação é contribuir para o desenvolvimento econômico, tem a obrigação de velar para que este tenha sempre rosto humano. O desenvolvimento econômico deve ter o rosto humano. Digamos não à uma economia sem rosto! Nas suas mãos, está a possibilidade de oferecer emprego a muitas pessoas e, deste modo, dar esperança a muitas famílias. Trazer o pão para casa, oferecer aos filhos um teto, oferecer saúde e educação são aspectos essenciais da dignidade humana, e os empresários, os políticos, os economistas devem deixar-se interpelar por isso. Peço-vos que não cedais a um modelo econômico idólatra que exige sacrificar vidas humanas no altar do dinheiro e do lucro. Na economia, na empresa, na política, sempre vem em primeiro lugar a pessoa...


Concluo observando que a mídia e os ideólogos de um lado e de outro erram ao tentarem colocar Francisco em sua forma, basta verificar que ele criticou no mesmo discurso no Paraguai, as ideologias de esquerda, sem ser de direita, e o capitalismo selvagem sem ser de esquerda, mas apenas sendo líder da Igreja Católica, praticando o Cristianismo.

1 Comment:

Unknown disse...

Adorei o desfecho, amor! :)

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